Crónicas Macaenses

06/09/2007

Um sonho não sonhado

Às vésperas do Brasil comemorar mais um ano da sua independência, em 7 de Setembro, fico imaginando que os macaenses não puderam sonhar um sonho !!!
Obviamente, pela sua localização e a origem da terra, nunca poderiam pretender a sua independência. A China nunca iria permitir, pois Macau originalmente é um território chinês, logo aí ao lado da sua mãe. Nós macaenses é que fomos fruto de uma mistura de raças, obra dos portugueses que lá ficaram por 440 anos e depois partiram. Nós fomos originados de viajantes passageiros com data marcada para partir. Sabiamos que cedo ou tarde iria acontecer, embora se parece que antigamente até que não lá nutriam muito esse pensamento. Talvez nos tempos em que a China não era uma potência que nem a atualidade, e os estrangeiros até ousavam se instalar no próprio território chinês, como em Xangai. Me desculpe, mas lembro de um filme a respeito em que o seu produtor esqueceu de perguntar a si mesmo, se ao invés da China fosse os Estados Unidos ... como reagiriam os americanos diante da ocupação estrangeira?
O Brasil também sofreu com a tentação dos holandeses, como aconteceu em Macau. Muitas vezes perguntam por aqui, se os espanhóis, holandeses ou outro povo europeu tivesse tomado o Brasil dos portugueses, como estaria esta terra de samba e futebol? Talvez olhassemos a vizinhança. O País ganharia em umas coisas e perderia em outras, talvez o lado humano. Pois se Macau tivesse sido ocupado pelos holandeses ou outros europeus, talvez ganhasse em algumas coisas (será?), mas uma coisa é certa, eu não estaria aqui para escrever em português, nem haveria macaenses. A extinção da nossa raça, que nem sei se teria se formado, já tinha ocorrido há muitos e muitos anos.
Vão dizer que houve sim, um sonho, mas ao que me consta, foi para um território fora de Macau. Parece-me que talvez seria uma ilha no Brasil que seria comprada, ou coisa assim. Não me aprofundo do assunto pois não o conheço. São conversas de rodinhas de macaenses.

02/09/2007

Associação da Casa de Macau, 18 anos

18 anos se passaram desde aquele almoço no bom restaurante chinês no bairro de Moema em São Paulo. Assim foi fundada a Associação da Casa de Macau. Porque não, Casa de Macau de São Paulo? O que me contaram na época, foi por questões técnicas e contábeis.
Na realidade, nem poderia ser chamada "de São Paulo" na sua fundação, talvez "do Brasil", pois pensava-se que seria uma única Casa de Macau no País. O Rio de Janeiro seria uma espécie de "sucursal ou filial" da sede em São Paulo. Tanto que foram convidados membros da comunidade do Rio, inclusive eles foram signatários da homologação (ufa ... escrevi certo, pois no meu video-foto-clip, errei e escrevi por engano "homogação").
No entanto, o Rio fica a 500 km de São Paulo e lá a comunidade macaense tem um considerável número de membros. Obviamente que seria muito incómodo a eles, terem que vir "pedir massa" em São Paulo e ainda apresentarem seus motivos. Daí partiram para o seu grito de autonomia e depois de muita insistência, conseguiram o grande feito. Foi fundada a Casa de Macau do Rio de Janeiro, e com uma vantagem. A sede é própria.
Diferentemente de São Paulo, que tem uma imponente sede, "um modelo" como se diz e de facto tem impressionado muito aos seus visitantes, mas, ela não pertence à comunidade macaense local. A sede foi adquirida pela Fundação Oriente e cedido para usufruto através de um contrato por comodato, por tempo indeterminado. Após adquirida, a comunidade mobilizou-se e conseguiu recursos de várias fontes, inclusive da própria Fundação, e lá foram construídos um ginásio, piscina, reforma das instalações do prédio principal e a construção da residência, o nome oficial de hoje, pois tem lá várias denominações, e etc. etc. Na verdade, o imóvel hoje, com certeza, tem um valor comercial muito maior, graças ao empenho da comunidade e as várias constribuições recebidas. Não cito nomes para não criar polémicas e cometer injustiças por omissão involuntária.
Eu, particularmente, preferiria que a comunidade de São Paulo tivesse uma sede própria, tal como qualquer pessoa que tem o sonho da casa própria. Mas é um assunto delicado.
E assim, com os seus 18 anos (seria maioridade?), a Associação da Casa de Macau (de São Paulo) vai sobrevivendo nas suas instalações de cerca de 5.000 m2, com um custo mensal alto (que venham mais subsídios e auxílios). Uma comunidade, que ao rever as fotos nesse meu video-foto-clip, percebi ... como nos envelhecemos !!! Tanto o esforço pela nova geração para uma conscientização da sua continuidade no futuro, isso eu apoio, embora, a sobrevivência nos próximos anos, ainda esteja na mão dessa gente que envelheceu, mas, não tanto, e que faz parte da próxima (ou actual) geração, digamos, hoje na faixa dos seus 45 em diante, algo assim, pode ser menos também (assim politicamente correcto falando). Não refiro a mim, pois não sou candidato a nada na próxima eleição e nem condeno a iniciativa de qualquer pessoa fora dos parâmetros citados. Tenho meus projectos próprios, como esse do Projecto Memória Macaense, que mesmo (lá sei, num mundo imaginário) venha se tornar uma ONG, nunca será uma proliferação de Casas de Macau, pois tem um objetivo específico, diferente de uma CM. Somente seria uma colaboradora, como de facto, na festa desses 18 anos, fez um ensaio do que poderia ser, ao exibir dois video-foto-clip (com atribuição de iniciativa ao PMM) que conseguiu cativar o público e mantê-lo, na sua maioria (salvo uns que se distrairam com outros assuntos), em silêncio. O facto é que o PMM é uma realidade hoje, mesmo que exista só virtualmente no mundo da Internet, sem ser uma pessoa jurídica. Algo que me deixa pensativo.
Gratificante foi ouvir comentários de brasileiros, que com o video puderam assim conhecer um pouco mais de Macau. Gratificante, também, foi ouvir de alguns conterrâneos, que se emocionaram ao rever os velhos tempos da nossa gente e da nossa terra. Tanto que tratei de divulgar os videos-foto-clips no YouTube.
É isso !!!