Crónicas Macaenses

08/03/2009

A Livraria Portuguesa

A questão do fechamento da Livraria Portuguesa, aquela visita obrigatória para todo imigrante macaense que retorna à terra natal, está a se espalhar por toda a comunidade macaense e portuguesa, especialmente por via Internet.
Toda vez que voltava a Macau, ia visitá-la. Era para ver as novidades dos cds, como já comprei diversos além de livros para a minha biblioteca particular, bem como, sentia-me bem por lá. Matava as saudades!
Li as reportagens a respeito no JTM e recebi vários e-mails de convocação para assinatura de um abaixo-assinado apelando pela sua preservação.
Junto a todos para fazer este apelo, entendendo justas as justificativas pelo que o estabelecimento representa para todos nós.
Não sei exatamente qual o motivo real para o seu encerramento e venda. À distância, lemos e ouvimos, mas vale o apelo - preserve a Livraria Portuguesa pelo que ela representa para toda a comunidade, não só pelo seu conteúdo, mas também pela parte física que é o seu prédio !!!
A propósito, fico a pensar que as instalações da Casa de Macau não pertencem à nossa Associação. A propriedade não é nossa. Vivemos de uma forma de "aluguel (aluguer) gratuito" ... espero que o agravamento da crise mundial e as grandes perdas financeiras de todas as empresas e instituições, não venham a nos afetar. Não seria bom ver o caminhão (camião) de mudança na porta, para nos levar a lugar nenhum. Salvo erro meu, São Paulo tem a Casa de Macau mais bonita e mais ampla do mundo, porém tem um detalhe, que ainda vou constatar, a Casa de Macau de São Paulo é a única do mundo que não tem uma sede própria. Como se diz, é bonito mas não é nosso!!! Como todo o cidadão anseia por uma casa própria para deixar de viver de aluguel, também gostariamos de ter a nossa casa própria !!! Mas quero crer que sempre prevalecerá a boa vontade como tem-se mostrado.
Mas é bom que saibam disso, pois pelo que constatei muitos desconhecem ou têm interpretações equivocadas e mal explicadas.

06/03/2009

Pequenas recordações de Macau (01)

Estudei no Seminário de São José e, interessante, que nas 4ªs. feiras, (ou seria na 5ª.?), não havia aulas. Daí, muitas vezes, nos anos 60, tipo 1964, em diante, reunia com os meus amigos António (Tony) Canhota, António Mendonça (Fei Lou), eventualmente, José Pinto e David Baptista (chivit), na minha casa na Calçada do Tronco Velho nº 15, e lá ensaiávamos como a banda (grupo) The Rockers. Até gravamos umas canções no meu gravador de rolo Panasonic, que tenho até hoje. Gostávamos de cantar Gloria, Hang on Sloopy, With a Girl Like You, etc. Com os nossos pobres instrumentos, faziamos muito barulho, pensando que estavamos fazendo estilo para os estudantes da Escola Comercial que subiam a calçada para o estabelecimento localizado no topo, ao lado da Igreja Santo Agostinho. Diziam as más línguas que a gente era rafeiro (tipo porcaria .... hehehe), e tenho que confessar, a gente se esforçava mas não era nada sério. Mais por brincadeira.
Para melhorar os nossos instrumentos, eu sonhava ganhar no Pá Kap Piu e jogava, mas nunca deu em nada. Na época, diziam que quem acertava o prémio maior, dava azar na vida. Dava certo receio mas não impedia sonhar e jogar. Depois quando terminei o curso secundário, a minha mãe levou-me para Hong Kong e no Tom Lee, comprou-me uma guitarra elétrica Thompson que tenho até hoje e está bem conservada, uma relíquia. Vim saber depois, que a minha mãe teve que até emprestar dinheiro para comprar-me o presente. Obrigado mãe Maria Marcelina Dias da Luz. A gente quando é criança nunca sabe, nem consegue medir o esforço dos adultos para comprar o nosso presente. Quem em Macau, naqueles tempos, não recorreu a agiotas para emprestar dinheiro? Lembro-me bem de uma senhora chinesa que fazia isso, da sua fisionomia marcante, quando acompanhava a minha mãe para pagar a dívida.