Crónicas Macaenses

21/08/2007

Mais de 200 mil chineses a falar o português

Fiquei relembrando uma informação que obtive uns tempos atrás. Em São Paulo, oficialmente, há pouco mais de 200 mil chineses. Isto, sem falar, aqueles ainda com a situação a regularizar com a imigração, digo, sem base nenhuma, numa suposição.
Imagino que, no mínimo, têm algum conhecimento do português, sem falar daqueles que já conseguem manter um bom diálogo.
Novamente imagino que, se todos eles imigrassem para Macau, então teriamos um surpreendente número de habitantes a falar o português. Já imaginou por qualquer canto que você andasse, ou qualquer loja que entrasse, teria um chinês que entenderia o português? Digamos que talvez, cerca de 250 mil habitantes de Macau teriam um bom conhecimento do português???!!!
É surpreendente como o chinês aprende rápido o português, sem ir à escola. Somente pela prática do dia-a-dia no comércio, especialmente.
Quase na frente da minha moradia, há um mercadinho cujos proprietários são chineses. Falam o mandarim. No entanto, esses proprietários variam a toda a hora, bem como seus empregados chineses, assim penso.
No atual momento, há um novo entregador de mercadorias, chinês, cuja aparência, um tanto sofrida, lembra-me muito dos culeis dos tempos de sám-lon-ché. Normalmente peço água mineral de 20 litros, que ele carrega nos ombros. Ao receber uns trocados a mais, agradece muito contente com um obrigado, repetidas vezes. Por enquanto, somente sabe dizer isso, mas acredito que logo irá pronunciar novas palavras. Um dia ainda irei alegrá-lo a dizer que também sou das bandas de onde ele veio. Certamente ficará satisfeito, como ficou os antigos proprietários. Mas, espera aí !!! Se ele não fala ainda o português, e eu nem o mandarim ou um sofrido e esquecido cantonense, como irei me comunicar com ele???? Bom, acho que terei que ter a paciência e esperar que ele aprenda o português rapidamente ...
Agora, no mesmo andar do prédio onde moro, noutra ala, mora um casal chinês de Xanghai que até tive uma conversa e expliquei que era de Macau. No entanto, não se mostrou muito receptivo. Talvez não quisesse muita conversa e ter que explicar o seu ramo de negócio, lá sei !!! Cada um na sua ...
Em resumo, vejo que a língua portuguesa se torna mais conhecida no meio chinês, fato que me deu muita satisfação quando dos Jogos da Lusofonia, pela quantidade de chineses a falar o português. Como tinha o credencial de imprensa pelo Projecto Memória Macaense (um dia conto os detalhes), frequentava o centro de imprensa no Ginásio de Macau, na Taipa.
Me emocionava a ver jovens chineses a conversarem entre eles, em português, num esforço para praticá-lo. Ainda mais dava emoção, quando um deles dizia, "nós macaenses ...". Sentia eu que pelo fato de falarem o português, já se qualificavam como tal, embora, a rigor, acredito que todos os habitantes poderiam se julgar macaenses, por serem cidadãos de Macau (coisas de novos tempos? Poderia ser, mesmo que uns possam discordam).
Ainda a este propósito, quando vemos hoje muitos chineses, tanto em Macau, embora mais na China continental, a terem a preocupação de aprender o português, fico imaginando, será que não deveriamos ampliar essa preocupação no meio da comunidade mundial macaense, como um exemplo para tentar preservar a herança (ou heritage, palavra bem usada) e cultura? Fora do minchi, tacho etc. ??? Sei que é difícil quando não se mora num país onde o dia-a-dia é uma língua algo-saxónica! Também sei que muitas vezes acaba perdendo por falta de prática (assim como perdi uma boa parte do meu cantonense, e como lamento ...). Mas, talvez a conscientização bem que ajuda. Pelo menos algumas palavras e estabelecer que a língua portuguesa representa a pura herança de um povo, que foi fruto de uma administração portuguesa que perdurou por cerca de 440 anos. E, em Portugal se fala o português!!!
Aproveitando o "deixa" (como se diz no Brasil), quero confessar, até com uma certa mágoa, sendo eu residente de um país de língua portuguesa (pode ser meio diferente, mas é língua portuguesa), em tempos de Encontros ou até reuniões de comunidade, que "por conveniência" muitas vezes, acaba por se abolir o português e falar somente o inglês, numa suposição que todos os presentes conhecem a 2a. língua enquanto a 1a., uns não a conheciam. Daí, para não ficar "cheong hei", fala-se somente o inglês ???!!! Umas vezes, coitado de um colega meu do Rio de Janeiro que, por não conhecer o inglês, ficava chupando o dedo.
Assim, como num deslize de um apresentador (que falava o português, se não fosse essa a sua nacionalidade) de um evento dos Jogos da Lusofonia, diante de uma platéia cuja maioria falava o português, o inglês foi a sua língua preferida!!! Confesso que fiquei triste quando a intenção era a integração de países de "língua portuguesa" !!! Acho que tem que se patrulhar esses "desencontros", ou se estabelece que foi um equívoco, e que a língua inglesa era aquela falada pelos portugueses que administraram Macau por 440 anos.

16/08/2007

Encontro - Sessão Inaugural, uma questão de boas maneiras

Lembro-me da Sessão Inaugural do último Encontro, na qual o Chefe do Executivo da RAEM foi lá saudar os participantes, e, a casa não estava totalmente cheia. Muitos deixaram de comparecer. Foi lamentável !!!
No programa deste ano, consta a Sessão, porém sem mencionar quem estará lá, embora, logo em seguida, no mesmo local, Doca dos Pescadores, aliás, lindissima, haverá um jantar oferecido pelo Chefe do Executivo.
Seja lá quem for abrir a Sessão e dar as boas vindas, convenhamos, por uma questão de boas maneiras, bom senso, educação, até gratidão, acho que todo mundo tem que ir lá e retribuir a gentileza de termos mais um Encontro, com uma SALVA DE PALMAS.
Imagine só, se você vai a uma festa de aniversário na casa de um amigo, chega lá, se enche de comisaina, bebidas, etc., vai embora e não cumprimenta o amigo??? Nem agradece??? No mínimo, se você ouvir essa história, vai dizer que a pessoa foi malcriada, não é?
Assim, espero que todos compareçam à Sessão Inaugural e ao Jantar oferecido pelo Chefe do Executivo, agradecê-lo com uma salva de palmas por mais um Encontro, que se espera, não seja o último.
Afinal, antes da transição, em 1999, você acreditava que iria ter mais Encontros em Macau??? Muitos falavam em Portugal, etc. etc. Julgo que poucos acreditavam!!! Pois é, depois da transição, aconteceram 2 Encontros, mais esse no final do ano. Sem ser puxa-saco, ou, engraxar sapatos, ou chát hai, é uma constatação.

Vamos ao Encontro?

Leio no JTM que mais de 500 membros da comunidade macaense dos EUA, confirmaram presença no Encontro das Comunidades Macaenses no final deste ano.

Que bom, ajudarão a alegrar e validar o Encontro. Tomara que vá um número significativo de gente de todas as partes do mundo, e que a nossa gente de Macau também participe ativamente da confraternização. Espero que seja um sucesso !!!

Sorte deles, penso, que os EUA e todos outros países que abrigam uma Casa de Macau estão bem mais perto que nós do Brasil. Consequentemente o custo da passagem é menor, talvez uns 50% menos, pois têm um trecho a menos para percorrer. Nós temos que ir até um desses países e depois seguir para Macau.

Daqui de São Paulo, há uma boa quantidade de inscritos, porém, quem ousa dizer que vai? Nem eu !!! Estamos aqui à espera da confirmação do valor do subsídio para então, fazermos as contas e ver se dá para ir ao Encontro. É uma ladainha de todos os Encontros. Afinal, a nossa passagem aérea para Macau beira ou passa dos US$ 2.000. Fora disso, tem as despesas de hotel, gastos diversos etc. Que choradeira!!! diriam, pois é, pura verdade. O nosso bolso e as nossas economias é que choram mais. Lá no Rio de Janeiro, é a mesma história, pelo que me contaram.

Assim, nesse impasse, poucos daqui, com uma situação financeira melhor, é que afirmam taxativamente que irão.

Neste ínterim, ficamos lendo o programa provisório, pensando que faltam pouco mais de 3 meses (nossa!!! como está perto), e imaginando, será que iremos ao Encontro? Desta vez, o meu portal PMM está quietinho, sem fazer alvoroço sobre o evento, pois afinal, não sei se será possível a minha ida, e a minha esposa brasileira, Mia, que adora Macau, fica na torcida.